martes, enero 24, 2006

WANDERLEY LUXEMBURGO - O "ZÉ MANÉ"

Ontem, 23 de Janeiro, o técnico Wanderley Luxemburgo deu uma entrevista no Brasil e falou sobre a sua passagem pelo Real Madrid. Reclamou que o Clube Madrileño o tratou como um “ZÉ MANÉ” e que nao lhe deram a importancia que merecia. Já há algum tempo queria escrever sobre Luxemburgo para opinar sobre o verdadeiro motivo de sua saída do Real. Eu ouço muitos programas esportivos nas rádios aquí em Madrid. E quando cheguei na Capital Espanhola, em setembro do ano passado, o Real madrid já estava mal na liga e depois de sua desclassificaçao da Copa dos Campeoes a coisas pioraram para o técnico brasileiro. Aquí na Espanha a imprensa, tanto da rádio como da televisao e jornais, é muito crítica e faz uma pressao enorme. E nao é preciso muito tempo para perceber que 90% dos jornalistas torcem para o Real madrid. Sao imparciais e nao escondem a preferencia quando comentam futebol. Já na chegada ao Real Madrid, em sua primeira declaração oficial como técnico merengue, Luxemburgo repetiu o discurso já conhecido por aqui de "implantar a filosofia". Em espanhol ficou curioso: "Cuatro factores fundamentales para que el equipo funcione como debe: disciplina, unión, trabajo y el profesionalismo." Depois, falou no "prazer" e na "responsabilidade enorme" de dirigir a equipe estelar. Naquela entrevista Luxemburgo abusou do portunhol. Falou "lo trabajo", "lo profissionalismo" e que não prometia "lo título". Aquí entre nós. Era vergonhoso ouvir o Luxemburgo tentar falar Espanhol. Era impresionante como, depois de mais de dez meses em Madrid, ainda nao conseguia se expresar de forma correta. Aliás, em minha opiniao, o fato do Luxemburgo nao falar espanhol contribuiu muito para o seu fracasso no Real Madrid. Na verdade o que ocorria era que ele nao conseguia se comunicar com os jogadores e passar as suas orientaçoes. Principalmente para jogadores espanhois e estranjeiros como Zidane e Berckhan. Este último também nao fala espanhol. Dá para imaginar o Luxemburgo instruindo o Berckhan em portunhol? Logo depois que o aviao em que estava Luxemburgo levantou vôo de volta para o Brasil, Iván Helguera, em uma entrevista abriu o jogo e desabafou. “Ninguém entendia o Luxemburgo. Nao sabíamos se queria que jogássemos pela direita, esquerda ou pelo meio. Pedíamos ajuda ao Roberto Carlos e Ronaldo para traduzir as suas instruçoes.” E Helguera tinha razao. Quem assistiu à coletiva dada por Luxemburgo em sua despedida do clube pôde comprovar o que digo. Naquela ocasiao, mesmo lendo o texto, era sofrível vê-lo brigar com o papel, tentando desesperadamente falar español. Diferentemente de outros técnicos estranjeiros que trabalham na Europa que falam várias linguas e possuem formaçao universitaria, Luxemburgo acreditou que apenas com o seu currículo de treinador de sucesso no Brasil seria suficiente para lhe darem a importancia que merecia e nao ser tratado como um “ZÉ MANÉ”. Estava enganado.